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O Que Faria A Google?


Mesmo os leitores compulsivos como eu, quando chegam à provecta idade de 49 anos, raramente conseguem deparar-se com um livro que o surpreenda grandemente. Segredos do acaso fizeram, porém, com que os dois últimos livros que li pertençam, por razões muito diferentes, a esse grupo restrito.
Um deles é o "Submundo" de Don Delillo, um romance imenso, de que me ocuparei a seu tempo.
Neste artigo vou apresentar-vos um outro livro que fez mudar a minha maneira de ver muitas das coisas da nossa vida quotidiana:


Título: O Que Faria O Google?
Autor: Jeff Jarvis
Editora: Gestão Plus
Tradução: Catarina Espadinha
Nº de Páginas: 291
Título original: What Would Google Do?
Ano de Edição original: 2009
Ano de Edição em Portugal: 2010
ISBN: 978-989-811-543-0

A tese do livro é que os engenheiros, designadamente os da Google, têm uma aproximação diferente da dos gestores, às situações do dia a dia. E, sendo jovens, juntam a essa característica a irreverência, não vêem porque não se pode resolver os problemas duma forma mais directa, em benefício das pessoas, sensata enfim, em contraposição com os gestores, e não só, que fazem tudo, utilizam todas as burocracias e truques, para "enganar" o cliente.
É essa a razão principal, no entendimento do autor, do enorme êxito da Google, a empresa com o crescimento mais rápido de sempre, potenciada pelo desenvolvimento tecnológico para o qual contribuem também, num círculo virtuoso imparável.
E é precisamente graças ao derrube das vacas sagradas realizado pelo google que algumas empresas iniciaram uma abordagem idêntica e conquistaram os respectivos mercados, aproveitando as oportunidades que esta nova ordem proporciona.
É também este movimento que está a levar, através das redes sociais, dos blogues, a uma maior participação e conquista de poder por parte do "povo anónimo". O autor parte, aliás, dum caso famoso em todo o mundo e que começou consigo a publicar no seu blogue um post arrasando a Dell, depois de ter comprado um computador daquela marca, defeituoso, e de, apesar de inúmeras e cansativas 'démarches', não ter resolvido o problema. O post foi lido por milhares de pessoas, muitas que o comentaram, linkaram a partir dos seus próprios blogues, e contaram os seus casos. A bola de neve ganhou um tamanho tal que, quando digitávamos Dell no Google, os primeiros resultados eram links relacionados com o blog de Jeff Jarvis.
Aí a Dell pôs os pés à parede e foi obrigada a resolver o problema com o autor, aproveitando, de caminho, para mudar a forma de relacionamento com os seus clientes, criando uma rede com eles e não deixando de responder a todas as situações, o que a levou a recuperar a posição perdida e sendo hoje um caso exemplar de sucesso na relação com os clientes, nesta idade da web 2.0. Bem vindos à era google.
Depois o autor desenvolve o livro, dando sugestões para que, praticamente, todos os ramos de negócio (empresas de tecnologias, jornais, editoras, seguros, imobiliárias, educação, governos, etc.) e nós próprios mudemos a nossa postura defensiva e entre neste novo mundo em que o poder vai cada vez mais tendendo para as pessoas. As empresas que não o fizerem estarão condenadas. O fundamental é a criação e manutenção de uma rede social de relações próximas entre as empresas/instituições e os seus utilizadores/clientes. O cliente é a melhor forma de publicidade das marcas, os gastos monstruosos com anúncios a que ninguém liga já teve a sua época, para desgosto e reacção negativa de muita gente ainda.
Algumas das sugestões para certas actividades são um pouco forçadas, mas a maioria não, antes pelo contrário, são muito bem esgalhadas, com sentido, espécies de ovo de colombo, fáceis de tomar em teoria, mas difíceis porque implicam uma mudança radical do status quo de certas empresas, negócios, actividades, governos, profissões, etc. Como todas as mudanças aliás. Só que esta inexorável e madrasta para quem não a adoptar.
E o autor, tal como sugere, aplica a si próprio os seus ensinamentos, sendo que muitas das propostas para a maioria das empresa, negócios, profissões, etc. foram longamente discutidas no blogue do autor, ajudando o autor a escrever o seu livro (o poder está nas pessoas). Blogue esse que se mantém e que podem consultar como complemento do livro, um complemento ' always in progress!

Reparo final:
Tentei 'ser amigo' do autor no Facebook e não consegui pois o mesmo já tem muitos pedidos não respondidos.
Segui-o no Twitter e vejo que a relação entre seguidores e seguidos é imensa.
Mais um caso de 'bem prega Frei Tomás?...' Um caso a seguir, sem dúvida.

Como professor de profissão, postarei aqui e no meu blog dedicado a assuntos profissionais, as sugestões do autor para o ramo.

Já está: as propostas para a área da Educação. Aqui no blogue e no profelectro (disponível em Setembro).





                         


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