Esses tempos passaram, Mexia passou pela televisão, tornou-se crítico literário no DN e, presentemente, no Público.
É verdade que Proust disse que devemos deixar as mulheres belas para os homens sem imaginação. Mas também é verdade que Proust era gay.
Título: Estado Civil, Diário de Uma Crise
Autor: Pedro Mexia
Editora: Tinta da China
Ano: 2009
Número de Páginas: 447
ISBN: 978-972-8955-99-1
A dado momento, George Costanza (Seinfeld) demite-se e David Brent (The Office) é despedido. No entanto, ambos regressam no dia seguinte, à espera de que ninguém repare que eles estão de volta. Eis a linha divisória entre o cómico e o patético.
Mas nunca deixou de blogar e o presente livro é o terceiro que edita, em pouco tempo, tendo como base a sua escrita blogueira, neste caso particular o blogue "Estado Civil", encerrado no início deste ano.
O livro cobre a vida do blogue (2006-2009) e ressente-se de facto da mudança de média. Não sei se houve seleccção e/ou alterações aos textos, mas alguns dos posts eram, a meu ver, evitáveis na edição em livro.
Dito isto, o livro apresenta alguns textos brilhantes. Mexia escreve duma forma fluída e cativante e os textos que mais gostei foram aqueles em que apresenta/divulga vários livros, discos e filmes, e, sobretudo, alguns aforísticos (originais ou citações). Também aqueles em que a sua veia pessimista e as suas teses de direita heterodoxa afloram são deveras incisivos e cortantes.
O autor sublinha demasiado o facto de o período abarcado ter sido um dos mais negros da sua vida, daqueles em que a nossa maneira de viver e de pensar se altera marcadamente, supostamente devido a um problema de amores. Realmente muitos dos textos são dedicados a este assunto e, na minha opinião, salvo raras excepções, sem grande interesse.
Mas, tal como referi anteriormente, o livro, de quatrocentas e tal páginas, acaba por ter muita escrita recompensadora que, sem margem para dúvidas, tornam valioso o investimento na sua compra.
Do editor:
Estado Civil, terceiro volume dos diários de Pedro Mexia (depois de "Fora do Tempo" e "Prova de Vida"), reúne os melhores textos escritos entre Outubro de 2006 e Janeiro de 2009 para o blogue homónimo, entretanto encerrado.
Enquanto autobiografia, é uma «tragicomédia que nunca se esquiva às situações insustentáveis: a fraqueza, o fracasso, o isolamento, a insanidade». É também, tal como os diários anteriores, uma constante apropriação de citações memoráveis da música, da literatura, do cinema. E é ainda uma sucessão de críticas e homenagens a acontecimentos e personalidades do nosso tempo.
Uma boa leitura para os dias de férias que se aproximam.
Os Idiotas
Flaubert tinha razão quando disse que sempre que atacamos os idiotas corremos o risco de também nos tornarmos idiotas. Os idiotas devem ser ignorados. O que é aliás a coisa que mais enfurece um idiota.
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